E nessa de sono, revelo com o corpo que me acostumei à tua presença do lado esquerdo da cama, visto que não mais me amontôo em meus sonhos silenciosos e respiração quase oculta, num não-se-mexer que durava noite inteira. Relaxei, moço. E sim, durmo melhor quando acompanhada do que quando estou sozinha e, apesar do sono pesado, não pense que não sei quando você escorrega pra fora da cama, abraçando a insônia presente no teu apartamento. A cama fica gelada e o vazio me cutuca incansavelmente, até que os cílios deixam de dar as mãos e eu fico olhando tua ausência, ressonando e recordando sonhos enquanto tu não volta. Num clique surdo da porta, as pálpebras escondem meus olhos atentos e sinto você deslizar no silêncio, tornando a aquecer os lençóis frios, relaxando meu corpo que volta à se entregar aos sonhos.
Eu te gosto um bocado, moço. E tento brincar de mímica o tempo todo, torcendo para que tu leias no meu corpo todas as palavras tatuadas, tudo aquilo que quero dizer, mas não digo — e você também não diz. E vamos levando assim, um “sendo-sem-ser” tão recheado de tranqüilidade, tão leve, tão flutuar de borboletas que deixo de sentir falta das tuas palavras poetas, pois passo a vê-las nos gestos novos, incluindo aqueles tão sem toques. E se te leio, inteiro, gostaria que você me visse também, tão tua. Toda. Tua."
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